segunda-feira, julho 04, 2005

Perdoar é divino. Será?

Costuma-se dizer que "perdoar é divino". De facto, esta expressão até aparece escrita na Bíblia e sintetiza uma forma de saber estar com os outros em comunhão com Deus, para quem é crente. Mas questiono-me eu agora: será que se deve perdoar sempre? Ou só em algumas? E se sim, quais e que critérios de escolha?
A minha (curta) experiência de vida resumida em pouco mais de 23 anos passados à face deste planeta diz-me que saber perdoar vem do facto de conhecermos bem a(s) pessoa(s) para saber se é merecido esse gesto. É que não basta pedir desculpa, há muito mais que isso. É importante mostrar-se arrependimento e vontade de compensar pelos erros cometidos. E eu julgo que qualquer pessoa que o faça, merece ser perdoado.
E agora pergunto eu: e quem não mostra qualquer tipo de ressentimento? Quem acha que fez uma boa acção e age como se tivesse toda a razão pelos seus actos, ou por uma questão de maldade ou por tirar proveitos de ter "lixado" o próximo? É óbvio que não pode haver qualquer tipo de complacência da parte de quem levou com a porcaria em cima. Mas será que o mero gesto de ignorar é suficiente? Se alguém tem um conjunto de acções com o objectivo deliberado de prejudicar, seja por diversão ou interesse, não deve levar uma resposta? É óbvio que deve pois a justiça tem de ser feita e apenas quem foi prejudicado tem a legitimidade da resposta. E ao conjunto de acções levadas a cabo com o objectivo de reparar os danos causados e mostrar, a quem faz mal e se sente bem com isso dá-se o nome, por vezes odiado, de Vingança.
Para uns há Perdão; para outros há Vingança. Depende de cada um e, principalmente, das atitudes que se tomam depois das asneiras feitas. Por isso é que eu ando na rua muito tranquilo pois sei que o faço sem ter a cabeça a prémio. Interrogo-me eu, será que toda a gente, nomeadamente alguém que me conhece, pode afirmar o mesmo?