sexta-feira, fevereiro 18, 2005

O passar dos comboios

19:20. Fim de mais um dia em Lisboa. Como quase toda a gente que anda na rua, eu preparo-me para regressar a casa depois de ter tratado de umas cenas pendentes relacionadas com o meu curso, nomeadamente a escolha dos horários para o próximo semestre, especialmente por causa dos projectos de SD e ES serem em comum este ano (felizmente!). Saio do metro e aproximo-me a pé da estação ferroviária do Areeiro. Azar, acabei de perder o comboio que vai para Massamá e só daqui a 15 minutos é que há outro. Sim, porque não estou para ir na confusão que são os comboios que vão para Meleças. Não me apetece estar sentado. Já o estive durante muito tempo em frente ao computador e agora sabe bem estar um pouco com as pernas esticadas. Não há muito para ver em volta... as pessoas a correrem para apanhar o comboio para o seu destino ou à espera dele, uns a lerem jornais, outros a ouvirem o relato do jogo do Benfica (outra palhaçada, para não variar, mas enquanto o Trap lá estiver será sempre assim...). Eu também espero pelo meu. E vou pensando. É o que faço sempre. Sinceramente, acho que onde quer que eu esteja, onde quer que vá, estou sempre a pensar nalguma coisa, seja ela qual for, com importância ou não. Enquanto espero, vejo os comboios que passam, tanto os da CP como os da Fertagus. E ao mesmo tempo que os vejo, é como se visse toda a minha linha de pensamentos a fluir à minha frente. No meu último post, fiz um desabafo sobre mim próprio e a forma como actuo perante os outros. O NightSilence disse-me que é normal criar-se defesas contra aquilo que nos magoa e tememos que se repita. Mas é importante saber encarar as coisas. Eu não creio que um ser humano nasça com o propósito de passar a vida toda a sofrer e sempre em provações que não têm outro objectivo que não seja o de testar a nossa atitude. E bem vistas as coisas, isto atinge qualquer um. Quem é que nunca teve dificuldades na vida? Quem é que nunca precisou de suar para atingir um fim? Falando apenas de pessoas bem intencionadas, julgo que todos. Não há ninguém que não tenha que encarar os problemas de frente e resolvê-los sem medos. Ainda ontem estive mais de meia hora a falar com uma pessoa, a ouvir os lamentos dela. A rapariga acha que não foi bafejada pela beleza na altura da sua concepção e como tal, acha-se feia, usando mesmo termos como "monstro" e "anormal". E perdí esse mesmo tempo a convencê-la de que aquilo que nós somos fisicamente não tem relação directa com as vivências. As pessoas que prestam, não ligam à nossa aparência. A forma como a vida corre, não tem ligação com o facto de sermos bonitos ou feios. Há pessoas que são bonitas a quem as coisas correm pelo melhor mas isso também se verifica com quem não o é. E não há montes de gente que todos os dias se olha ao espelho e fica triste com o que vê mas a vida não corre sobre carris? O mais importante é que nós próprios saibamos o que somos e que gostemos do que vemos. A auto-estima e auto-valorização é muito importante para uma existência feliz e as probabilidades de tudo correr pelo melhor aumentam. Eu, pessoalmente, tenho consciência que não sou o protótipo da beleza masculina. Quando olho para as minhas fotos com 10, 12 anos até acho que estava muito bem naquela altura mas o crescimento com as alterações e transformações que mudam tudo, algumas para melhor e outras para pior. Não é o facto de as mulheres não se perderem de amores pela minha aparência na rua que me faz ficar triste ou chateado comigo mesmo. Quem gosta realmente de mim, é por aquilo que sou como pessoa, pelas minhas atitudes e comportamentos. E deve ser esta a postura a ter. E tem de ser mesmo. Cada dia é um dia. Só soubemos o que se passou ontem e nos dias anteriores. Mas isso já passou, não há volta a dar. O amanhã, o daquí a bocado, isso logo se vê, quando vier. As coisas acontecem da forma que devem acontecer. Tem-se é que estar preparado para qualquer coisa. O estar a dizer mal de nós próprios e, acima de tudo, estar a colocar-nos lá em baixo, não é solução para nada. Bem pelo contrário. Leva é à própria destruição interior. Lenta e silenciosa, como um parasita. E no fim, pode ser tarde de mais para recuperar. E parece que o meu comboio, o das 19:32 vem aí...

NightSilence, julgo que esta canção é um bom complemento ao que dizes no teu comentário.


Then the rainstorm came over me
And I felt my spirit break
I had lost all of my belief you see
And realize my mistake
But time through a prayer to me
And all around me became still

I need love, love's divine
Please forgive me now I see that I've been blind
Give me love, loves is what I need to help me know my name

Through the rainstorm came sanctuary
And I felt my spirit fly
I had found all of my reality
I realize what it takes

'Cause I need love, love's divine
Please forgive me now I see that I've been blind
Give me love, loves is what I need to help me know my name

Oh I don't bet [don't bet], don't pray [don't pray]
Show me how to live and promise me you won't forsake
'Cause love can help me know my name

Well I try to say there's nothing wrong
But inside I felt me lying all alone
But the message here was plain to see
Believe in me…

'Cause I need love, love's divine
Please forgive me now I see that I've been blind
Give me love, love is what I need to help me know my name

Oh I, don't bet [don't bet], don't break [don't break]
Show me how to live and promise me you won't forsake
'Cause love can help me know my name

Love can help me know my name.


SEAL - Love's divine