quarta-feira, novembro 14, 2007

Importância


Há coisas que são certas. Bem visto, talvez só a vida e a morte é que o são. Tudo o resto é relativo e é neste grupo que incluo a importância. Tal como a beleza, o amor, o interesse e muitos outros aspectos, a importância é algo que apenas depende da perspectiva de cada um. E é isso que torna a vivência da vida tão complicada pois os seres humanos têm perspectivas diferentes sobre a mesma coisa. Por exemplo, uma esferográfica. Olhando para cima de uma mesa, observa-se uma simples esferográfica, como muitas que se encontram à venda em qualquer papelaria. Toda em plástico, não fina como as Parker mas que preserva a sua funcionalidade primária: ser usada para escrever à mão. Para mim, esta caneta pode ser importante, ou porque me foi oferecida por alguém próximo ou porque a comprei para um determinado assunto ou por outra razão qualquer. No entanto, para outra pessoa, pode não passar de uma banal esferográfica, sem valor, descartável, dispensável. E numa situação de disputa, entrarão em confronto dois pontos de vista completamente opostos que indicarão duas formas diferentes de agir.
O mesmo se passa no dia-a-dia. Há assuntos, questões, temas que são tratados de formas diferentes simplesmente porque lhes são atribuídas importâncias díspares! Há coisas que têm importância nula com as quais se perde tempo desnecessário e se usa como arma de arremesso, ou por interesse ou por mero desleixo.
Em Portugal, somos pródigos em atribuir valor e importência a coisas completamente inúteis enquanto que aquilo que merece atenção permanece discriminado. E é por isto que evoluimos a uma velocidade inferior aos outros; perdemos tempo com coisas inúteis e só depois de levarmos uma chapada é que abrimos os olhos e acertamos no lugar certo.
Há uns tempos escrevi um post sobre o que fazer em caso de injustiça. Pela forma como escrevi, dei a entender que possuía um reservatório de fúria acumulada dentro de mim. Na realidade, a situação real na qual me inspirei para escrever aquele texto era insignificante; simplesmente sentia-me inspirado para escrever e, relembrando-me de uma fase já não muito recente da minha vida, decidi dar largas à imaginação. Houve quem viesse ter comigo alarmado a perguntar "o que se tinha passado". Nada de mais; a fase da minha vida em que ficava a arder com injustiças já se acabou há bastante tempo. Felizmente. Agora, é olhar de frente. Como diz um velho ditado dos campinos do Ribatejo, é tudo uma questão de pegar o touro de frente pelos cornos.
Recordando as muitas ideias que fui expondo entre 2004 e 2006, há que ter sempre em mente as seguintes:
  • Tudo o que tem um princípio, tem um fim. Nada dura para sempre.
  • Não há acasos. Tudo acontece por um motivo, mesmo que não seja perceptível no imediato.
  • As coisas acontecem do modo que são suposto acontecer e não poderiam ter acontecido de outra forma qualquer.
  • Cada um tem aquilo que merece. Não necessariamente no imediato. Não necessariamente por pouco tempo.
  • Ninguém nasce condenado.
  • A verdade está lá sempre.
  • A justiça chega sempre a todos, mesmo que tal pareça altamente improvável.
  • A vingança não é solução. A Justiça Divina encarrega-se por nós.
  • Nada é impossível. Tudo é inevitável.
A imagem de cima lembra-me de algo: o amor só é importante se quisermos que ele seja. Eu quero que seja. Vou lutar por ele.