terça-feira, janeiro 25, 2011

Crescer a 2

Tirando o universo da Matemática, onde a frieza dos números demonstra sempre a diferença entre o que está certo e o que está errado, em todos os outros universos não há verdades absolutas. Pelo menos, é esta a minha convicção que se reflecte na forma como encaro e vivo neste nosso mundo. No que diz respeito ao Amor, então todos temos razão naquilo que dizemos, pensamos e sentimos, mesmo que tenhamos pontos de vista diferentes.
Nesta dimensão podemos incluir a definição de "casal". O que é um casal? Pois bem, tirando a visão romântica de todos os apaixonados que vêem tudo num casal como estando à volta do Amor, na verdade, olhando para o que é um casal, os psicólogos têm apresentado diversas definições que permitem encaixar a beleza de dois seres que estão juntos. Pessoalmente, revejo-me numa definição baseada no que li nalguns livros do Jorge Bucay e de outros autores: um casal são dois seres que se escolhem e decidem crescer juntos.
Tão simples, não é? Mas também tão completo e complexo. Duas pessoas que decidem crescer juntas... Isto pode parecer redutor mas, se olharmos com atenção, não é o que acontece? Um casal é composto por duas pessoas diferentes que têm valores, pontos de vista, interesses e gostos em comum (que é o que potencia a sua atracção mútua) mas que também têm valores, pontos de vista, interesses e gostos diferentes entre si e que são a chave para o crescimento individual de cada um e o crescimento dos dois enquanto casal.
Como se explica isto? Para que uma relação amorosa funcione ou, se preferirmos, para que o Amor que une as duas pessoas flue naturalmente e em harmonia, é indispensável que cada um dos membros do casal esteja incondicionalmente disposto a permitir ao outro ser como é. Ao deixarmos o outro ser como é, estamos a permitir que ele se apresente em estado puro, o que nos deixará entrar em contacto com todas as partes do seu Ser, incluindo as boas e as más. E é através do contacto com as coisas más que erramos (sim, "erramos" no plural porque num casal não há o "eu" e o "tu", há apenas o "nós"), que nos é dada a oportunidade de reconhecer esses erros, de aprender com eles e, consequentemente, de crescer e amadurecer. E é assim que se vive a maravilha do viver e crescer a 2.
Eu cresço porque erro e tu ajudas-me a identificar o meu erro e mostras-me como o corrigir. Ao fazê-lo, estou a tornar-me uma pessoa mais completa e o nosso casal torna-se mais integrado.
Agora, o grande problema está em dar espaço e liberdade para o outro ser como é. Quantas relações vão por água abaixo por eu não deixar o outro ser ele próprio porque quero que ele seja aquilo que eu quero que ele seja ou, pior ainda, aquilo que eu sou? Que tipo de crescimento pode haver num casal se um dos membros for igual ao outro? Qual é o território desconhecido que se dá a descobrir? Qual é a mais-valia? Obviamente, nenhum! Os dois membros anulam-se, não crescem, ficam no mesmo lugar para o resto da vida...
Não tenhamos medo de conhecer e aceitar as diferenças do outro pois são elas a verdadeira riqueza do crescer a 2. O ser-se diferente é uma oportunidade para integrar e viver algo que não temos, para partilhar e crescer com o Amor que une duas pessoas maravilhosas.
É esta a grande diferença que distingue as pessoas que estão preparadas para um relacionamento amoroso sério e em pleno das que não estão. E quando será que estas pessoas se irão aperceber disto e terão consciência de que a responsabilidade do fracasso das suas relações não está exclusivamente do lado dos seus companheiros mas também dentro de si, que a raíz do problema está no seu interior e que a solução está mesmo à frente dos seus olhos?

1 Comments:

Blogger Anónima said...

OLá
Adorei o post, e melhor não conseguia escrever. De facto quase que dá vontade de publicar no meu blog.
Tens razão no que escreves.
Jinhos
Fica bem

25/01/11, 20:36  

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