segunda-feira, maio 15, 2006

Medo de perder

A característica que distingue os seres humanos dos restantes animais é a capacidade de pensar. Enquanto que os animais agem por instinto, nós somos capazes de avaliar uma situação particular e, a partir dum conjunto de factores influenciadores, tomar uma decisão quanto à acção a realizar. Entre esses factores que influenciam uma tomada de decisão, encontram-se os nossos sentimentos.
Há momentos na vida em que se exige imparcialidade, sensatez e tranquilidade. Parece estranho como é que decisões que devem ser tomadas duma forma racional podem ser influenciadas por um ou vários sentimentos, com o potencial de nos levar a fazer algo desprovido de qualquer sentido lógico.
Um dos sentimentos mais perigosos que existe é o medo. Pior é ainda se for o medo de perder.
Ao longo da vida, enfrentamos situações que pôem em causa algo adquirido. Tanto podem ser coisas banais como outras mais importantes. Mas o que é mais importante é o sentimento de posse que fica ameaçado e a forma como nos tentamos defender.
Perder o emprego, perder a pessoa que se ama, perder uma posição adquirida, perder outra coisa qualquer de elevada importância, tudo serve para que um enorme sentimento de receio se apodere de nós e tolde o nosso raciocínio. Agora, há que distinguir entre dois tipos de pessoas: os que têm receio justificado por algo que não podem ou não conseguiram controlar e, como tal, não conseguem parar a cadeia de acontecimentos que se aproximam e os que têm uma percepção completamente errada da realidade e entram em pânico e têm uma reacção despropositada. Em qualquer dos casos, o tipo de resposta é sempre o mesmo: uma pessoa que sempre tenha sido honesta, séria, calma e afável torna-se mentirosa, falsa, cínica e hipócrita, tomando acções com o objectivo de contrariar a perda que se aproxima. E o mais incrível é a frieza e a naturalidade que apresenta.
Um ser humano inundado de medo, na avaliação de situações e na tomada de decisões, apenas tem um propósito em mente: o seu próprio interesse pessoal. E para atingir esse fim, fará o que for preciso, não importando quem ou o quê possa ser prejudicado no caminho.
E agora, uma pergunta: que devem fazer aqueles que são prejudicados pelas acções nefastas de quem teve medo?
Boa questão, de facto...
A resposta é óbvia: responder. Mas, responder de que forma? E com que meios? E baseado em que linha de acção?
Isto depende do discernimento de cada um. Mas um aspecto importante deve-se ter em conta: nunca se deve responder da mesma forma com que se foi prejudicado. E, acima de tudo, não cair no mesmo erro de quem nos prejudicou: colocar os sentimentos à frente da lógica e da racionalidade. Se isso acontecer, perde-se toda a razão. Pode haver a tentação para ver as coisas da forma "Se me lixaram, eu vou lixá-los também". Errado! Se nos lixaram, nós não os vamos lixar. Se nos lixaram, nós vamos aniquilá-los! O problema na resolução de questões desta índole é ter-se compaixão por quem não o merece. Não nos puseram os pés em cima? Não nos enxovalharam? Não fizeram as coisas de modo a sermos nós a pagar as contas todas? Não nos fizeram passar por algo que não somos? Então, só há uma saída: punição.
Lembremo-nos duma passagem presente na 1ª cena do 3º acto do "Mercador de Veneza" de William Shakespeare:

If you prick us, do we not bleed?
If you tickle us, do we not laugh?
If you poison us, do we not die?
And if you wrong us, shall we not revenge?

Já no meu post "Porque não?" eu tinha defendido o legítimo direito à resposta.
Qualquer pessoa que decida prejudicar outra apenas porque tem medo de perder algo, é bom que tenha em mente no que se vai meter. O prejudicado não vai ficar de braços cruzados à espera de algo que não vai acontecer. Ele é que vai tomar a iniciativa e fá-lo-á no momento que for mais indicado para que o impacto da resposta seja o mais brutal possível. Ele fará o que tem de ser feito. Não hesitará. E não mostrará qualquer misericórdia pois também não recebeu nenhuma! Não há nada mais perigoso para quem lixa os outros por medo de perder do que ter alguém atrás com uma força de vontade deste género. E para quem gosta de agir assim, um conselho: tenham sempre em mente 3 factores importantes. A resposta, por parte de quem prejudicaram, é inevitável. Para eles, falhar não será opção. E, da vossa parte, qualquer forma de resistência será inutil. Vocês não conhecem o poder da vingança...
O medo leva à raiva. A raiva leva ao ódio. O ódio causa sofrimento. Não fazem a mínima ideia do sofrimento que causaram. Nem o quanto irão pagar por isso.

quarta-feira, maio 10, 2006

Maio

Agora que o teste de ASA correu lindamente e tenho de recuperar a matéria de SD e SAD ao mesmo tempo que ando a comprar livros e dvds para arranjar facturas, vou ver se arranjo coragem para pegar no livro do Alves Marques...:S
Já me esquecia. Para este mês:

"If you wrong us, shall we not revenge?"

William Shakespeare
The Merchant of Venice

quinta-feira, maio 04, 2006

Para iluminar este mês de Maio

"Quando se ama alguém, tem-se sempre tempo para essa pessoa. E se ela não vem ter connosco, nós esperamos. O verbo esperar torna-se imperativo como o verbo respirar. A vida transforma-se numa estação de comboios e o vento anuncia-nos a chegada antes do alcance do olhar. O amor na espera ensina-nos a ver o futuro, a desejá-lo, a organizar tudo para que ele seja possível. É mais fácil esperar do que desistir. É mais fácil desejar do que esquecer. É mais fácil sonhar do que perder. E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver."

Margarida Rebelo Pinto