Recentemente, a RTP passou a apresentar um programa denominado "30 minutos" em que são apresentadas diversas individualidades, a maioria desconhecidas do grande público, que se destacam por algo único e que as torna dignas de destaque, destaque esse que muitas vezes é merecido mas não dado por que a imprensa em Portugal diverte-se a dar relevo a pessoas que não têm qualquer valor nem ponta por onde se pegue.
No programa desta semana apresentaram uma senhora, cujo nome infelizmente não me recordo, com 25 anos de idade e que sofre de uma doença rara que lhe provoca um atrofiamento no desenvolvimento corporal para além de o tornar extremamente sensível, embora não prejudicando a sua capacidade mental. Numa palavra, fiquei impressionado pela vivacidade desta pessoa, pela forma como encara a vida e transmite esses mesmos pensamentos positivos às pessoas à sua volta. E isto tendo em conta que é dependente de terceiros para muitas coisas do dia-a-dia, desloca-se numa cadeira de rodas eléctrica, entre outros...
Andam as pessoas ditas normais a queixarem-se que a vida corre mal, que é isto e aquilo que está mal e não sei que mais... Ora porra, têm os problemas e as dificuldades que esta mulher tem!? Dependem de outros para tudo, até ir à casa de banho? Têm de tomar resmas de medicamentos? Os seus pais ouviram dizer pelos médicos que não teria mais do que 25 dias de vida? Ela vive há 25 anos! É um exemplo para nós...
"Não estou bem por que o meu patrão gritou comigo". "Não estou bem por que ele não me liga nenhuma". "Não estou bem por que não consigo comprar o fato que queria". À merda! Se achamos que há algo que não está bem, então deveríamos era preocuparmo-nos com coisas realmente importantes em vez de estar a perder tempo com coisas que não interessam nem ao diabo. E esta mulher tirou um curso superior, tem um emprego, é inteligente, vive e faz viver à volta dela... Cada vez que dizemos que estamos fartos e frustrados, deveríamos era olhar para casos como este e olhar para um reflexo nosso num espelho e ver que a vida vale a pena viver, se investirmos verdadeiramente nela e ligarmos ao que é relevante e deixar as tretas para o lado. As coisas acontecem da forma que é suposto acontecerem e não poderiam acontecer de outra forma qualquer. E tocou-me ouvi-la dizer que ainda bem que não a tinham abortado por que assim sempre tinha ganho o gosto pela vida e sente que tem algo a contribuir.
Se não se consegue ultrapassar um obstáculo, então contorna-se. Há vários caminhos a seguir. E se não corre como se quer, esquece e segue em frente. Há sempre mais a ganhar do que a perder.