Na passada 4ª feira tive uma reunião com a coordenadora de Engenharia Electrotécnica e de Computadores, a Profª Isabel Teixeira, e com os mentores de LEEC inserido nas minhas funções de Guia do NAPE tendo em conta a preparação das inscrições dos alunos de 1º ano na próxima semana.
Ao contrário do coordenador do meu curso (cujas características pessoais vou-me escusar de referir já que todos os alunos da LEIC já se encontram familiarizados com ele), esta professora mostrou-se bastante simpática e com uma grande abertura às ideias que eu e o Jimmy apresentámos para o Mentorado de LEEC, algumas delas retiradas da minha experiência pessoal de 2 anos no Mentorado da LEIC e na fundação e primeiro ano de funcionamento da comissão de praxe da LEIC.
No ponto em que estávamos a discutir as alterações que Bolonha implementou em LEEC, um aspecto que foi referido pela Profª Isabel Teixeira foi o facto que Bolonha é mais do que alterações nos currículos; trata-se de alterar a forma de ensinar, tornando os cursos mais atraentes para os alunos. Foi durante esta discussão que a professora usou uma analogia que, creio eu, serve para explicar bem a presente realidade da maioria dos cursos de ensino superior oferecidos em Portugal.
Todos nós sabemos que muitos professores gostam de descarregar acetatos nas aulas. E porque não? É sempre mais prático que andar a escrever nos quadros, sendo que se pode chegar ao final da aula com o braço extremamente cansado. (que diriam os professores de antigamente que tinham que descarregar a matéria nos velhinhos quadros de ardósia...)
A professora afirma que discorda deste método de ensino porque é da opinião que não é com montes de matéria que se forma um bom engenheiro. E deu um exemplo: vamos supor que uma pessoa não sabe cozinhar. E para aprender a cozinhar decide frequentar um curso de culinária em que o seu professor espeta-lhe um livro de receitas à frente e, no final, limita-se a fazer uma prova escrita. Essa pessoa decora todas as receitas do livro ou, pelo menos, mais de metade, vai a exame e é aprovado. No final recebe um diploma dizendo que "sabe" cozinhar. Mas sabe mesmo? E a prática, onde está? É por se perder tempo a marrar montes de receitas que se aprende culinária? É óbvio que não! E o mesmo se passa nas universidades portuguesas. Os professores julgam que cumprem a sua função obrigando os alunos a marrarem montes de acetatos. E depois admiram-se dos alunos detestarem cadeiras que têm tudo para serem excelentes (na LEIC, dois casos: Computação Gráfica no 2º ano e Plataformas para Aplicações Distribuídas de Internet no 4º ano) que, na realidade, são uma autêntica porcaria. E os alunos admiram-se de, quando terminam os estudos e entram no mercado de trabalho, as empresas darem-lhes formação, mesmo após cinco anos a bater com a cabeça nos livros...
Bolonha veio acabar com muitos tachos que existiam nos curriculos dos cursos. Era bom que também acabassem com certos hábitos.