terça-feira, fevereiro 22, 2005

Relatório Minoritário

Uma das vantagens óbvias das férias, para além de um tipo fazer nenhum na maior parte do tempo, é a de pôr a leitura em dia. E no meu caso em particular, de pegar nos livros NÂO informáticos que tenho para cá em casa e aproveitar a sua leitura para descontraír antes da "festa" deste 2º semestre que aí vem. Este fim-de-semana lí um livro intitulado "O Executor" - título em inglês, "The butcher's boy" - escrito por Thomas Perry que, para espanto meu, não chegou a ser adaptado para o cinema. Trata-se de um romance de acção bastante interessante ao nível de, por exemplo, "O Dossier Pelicano" que me agradou muito pelo enredo e pela forma como a história em sí está estruturada.
No entanto, o primeiro livro que lí nestas férias não foi este. E não se pode considerar bem um livro na medida em que não é considerado um romance mas sim um conto ou, como em inglês, um short story. Relatório Minoritário é um conto escrito por Philip K. Dick que demonstra um grande nível de inovação e imaginação que foi, como é do conhecimento público, brilhantemente adaptado para cinema por Steven Spielberg e muito bem interpretado por Tom Cruise, Colin Farrell e Max Von Sydow. Na minha opinião pessoal, trata-se de um dos melhores filmes de 2002, talvez só mesmo ultrapassado por "As Duas Torres".
No entanto, o motivo fulcral desta minha entrada no blog prende-se com o aspecto fulcral da história. Não pretendendo estragar nenhum plano futuro a ninguém que leia este post ao divulgar pormenores do argumento, concentro a minha atenção na especificidade da determinação de acontecimentos futuros ou, por outras palavras, com a pré-determinação do futuro de alguém. É claro que isto é tudo uma obra de ficção mas, parando por um pouco e reflectindo, não parece que conseguimos ver o nosso futuro à frente? A vida leva uma pessoa para caminhos completamente diferentes. Para alguns, caminhos de grande felicidade. Para outros, caminhos de grande dor e sofrimento, de autênticos martírios. Eu sinto que o caminho que levo nestes 22 anos, 10 meses e 5 dias de vida tem sido uma mistura dos dois. Conheço quem ande quase sempre do lado do primeiro mas também quem quase nunca saia do segundo. É impressionante como uma mistura de sentimentos e sensações completamnte opostos conseguem criar um equilíbrio para a existência. Mas que tipo de equilíbrio é esse? Não se trata de nada muito sólido... Na realidade é uma mistura instável, com constantes variações com consequências que só eu sei. Olho no horizonte e procuro alguns sinais que me digam "isto está a mudar" e, por vezes, até parece que sim mas logo volta tudo ao mesmo. Sinceramente não sei o que pensar. Dou toda a razão ao Saraiva quando ele diz que dói muito. Gostava que o meu futuro tivesse um relatório minoritário que me proporcionasse uma hipótese de seguir um caminho diferente daquele que parece eu não poder escapar...


Nota: Gostei do trabalho do teu pai ontem no Benfica - V. Guimarães. Sério, discreto e eficiente. Se todos os elementos da arbitragem fossem assim, não se falava tanto desse assunto cá em Portugal. Já pensaste em seguir-lhe o exemplo? Ou a parvoíce foi só comigo?

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

O passar dos comboios

19:20. Fim de mais um dia em Lisboa. Como quase toda a gente que anda na rua, eu preparo-me para regressar a casa depois de ter tratado de umas cenas pendentes relacionadas com o meu curso, nomeadamente a escolha dos horários para o próximo semestre, especialmente por causa dos projectos de SD e ES serem em comum este ano (felizmente!). Saio do metro e aproximo-me a pé da estação ferroviária do Areeiro. Azar, acabei de perder o comboio que vai para Massamá e só daqui a 15 minutos é que há outro. Sim, porque não estou para ir na confusão que são os comboios que vão para Meleças. Não me apetece estar sentado. Já o estive durante muito tempo em frente ao computador e agora sabe bem estar um pouco com as pernas esticadas. Não há muito para ver em volta... as pessoas a correrem para apanhar o comboio para o seu destino ou à espera dele, uns a lerem jornais, outros a ouvirem o relato do jogo do Benfica (outra palhaçada, para não variar, mas enquanto o Trap lá estiver será sempre assim...). Eu também espero pelo meu. E vou pensando. É o que faço sempre. Sinceramente, acho que onde quer que eu esteja, onde quer que vá, estou sempre a pensar nalguma coisa, seja ela qual for, com importância ou não. Enquanto espero, vejo os comboios que passam, tanto os da CP como os da Fertagus. E ao mesmo tempo que os vejo, é como se visse toda a minha linha de pensamentos a fluir à minha frente. No meu último post, fiz um desabafo sobre mim próprio e a forma como actuo perante os outros. O NightSilence disse-me que é normal criar-se defesas contra aquilo que nos magoa e tememos que se repita. Mas é importante saber encarar as coisas. Eu não creio que um ser humano nasça com o propósito de passar a vida toda a sofrer e sempre em provações que não têm outro objectivo que não seja o de testar a nossa atitude. E bem vistas as coisas, isto atinge qualquer um. Quem é que nunca teve dificuldades na vida? Quem é que nunca precisou de suar para atingir um fim? Falando apenas de pessoas bem intencionadas, julgo que todos. Não há ninguém que não tenha que encarar os problemas de frente e resolvê-los sem medos. Ainda ontem estive mais de meia hora a falar com uma pessoa, a ouvir os lamentos dela. A rapariga acha que não foi bafejada pela beleza na altura da sua concepção e como tal, acha-se feia, usando mesmo termos como "monstro" e "anormal". E perdí esse mesmo tempo a convencê-la de que aquilo que nós somos fisicamente não tem relação directa com as vivências. As pessoas que prestam, não ligam à nossa aparência. A forma como a vida corre, não tem ligação com o facto de sermos bonitos ou feios. Há pessoas que são bonitas a quem as coisas correm pelo melhor mas isso também se verifica com quem não o é. E não há montes de gente que todos os dias se olha ao espelho e fica triste com o que vê mas a vida não corre sobre carris? O mais importante é que nós próprios saibamos o que somos e que gostemos do que vemos. A auto-estima e auto-valorização é muito importante para uma existência feliz e as probabilidades de tudo correr pelo melhor aumentam. Eu, pessoalmente, tenho consciência que não sou o protótipo da beleza masculina. Quando olho para as minhas fotos com 10, 12 anos até acho que estava muito bem naquela altura mas o crescimento com as alterações e transformações que mudam tudo, algumas para melhor e outras para pior. Não é o facto de as mulheres não se perderem de amores pela minha aparência na rua que me faz ficar triste ou chateado comigo mesmo. Quem gosta realmente de mim, é por aquilo que sou como pessoa, pelas minhas atitudes e comportamentos. E deve ser esta a postura a ter. E tem de ser mesmo. Cada dia é um dia. Só soubemos o que se passou ontem e nos dias anteriores. Mas isso já passou, não há volta a dar. O amanhã, o daquí a bocado, isso logo se vê, quando vier. As coisas acontecem da forma que devem acontecer. Tem-se é que estar preparado para qualquer coisa. O estar a dizer mal de nós próprios e, acima de tudo, estar a colocar-nos lá em baixo, não é solução para nada. Bem pelo contrário. Leva é à própria destruição interior. Lenta e silenciosa, como um parasita. E no fim, pode ser tarde de mais para recuperar. E parece que o meu comboio, o das 19:32 vem aí...

NightSilence, julgo que esta canção é um bom complemento ao que dizes no teu comentário.


Then the rainstorm came over me
And I felt my spirit break
I had lost all of my belief you see
And realize my mistake
But time through a prayer to me
And all around me became still

I need love, love's divine
Please forgive me now I see that I've been blind
Give me love, loves is what I need to help me know my name

Through the rainstorm came sanctuary
And I felt my spirit fly
I had found all of my reality
I realize what it takes

'Cause I need love, love's divine
Please forgive me now I see that I've been blind
Give me love, loves is what I need to help me know my name

Oh I don't bet [don't bet], don't pray [don't pray]
Show me how to live and promise me you won't forsake
'Cause love can help me know my name

Well I try to say there's nothing wrong
But inside I felt me lying all alone
But the message here was plain to see
Believe in me…

'Cause I need love, love's divine
Please forgive me now I see that I've been blind
Give me love, love is what I need to help me know my name

Oh I, don't bet [don't bet], don't break [don't break]
Show me how to live and promise me you won't forsake
'Cause love can help me know my name

Love can help me know my name.


SEAL - Love's divine

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Férias e outras considerações

Estou de férias. Desde a quinta-feira passada que as minhas actividades pessoais não têm a ver com nada relacionado com o meu curso ou a minha faculdade. Ainda bem... já estava farto da época de exames. Estar a meter matéria aos montes cá dentro, em estilo de injecção deixa qualquer um em estado catatónico. Mas acabou, pelo menos por agora. Agora vou é aproveitar estas duas semaninhas para descontrair, descansar, pôr a leitura em dia e ver filmes. E já agora aproveito para dizer que o jantar de anos da Ana Catarina foi um espectáculo! O pessoal foi de mais... e curti muito as conversas que tive com o João, especialmente as histórias que ele conta sobre as vezes que vai nas ambulâncias do INEM. Aquela da mulher que telefonou para o 112 porque o bebé tinha espirrado 3 vezes (!!!) não lembra a ninguém... Até parece saído do Gato Fedorento...

Continuo com muitas questões a batalharem-me na cabeça. Estive tão bem durante tanto tempo e agora isto. Um turbilhão de sentimentos, sensações, impressões que não deixam de me criar grande confusão. Isto parece piada... na fase da vida em que supostamente estas coisas aparecem, na adolescência, a vida passou-se sem nada de especial. Agora que já entrei na idade adulta, aparecem-me estas coisas. Porquê? Porque é que tenho um coração duro como a pedra que a cada dia que passa mais duro se torna? Será que é por me terem espetado uma faca nele que eu agora ando a ver se crio uma defesa natural para que não me volte a acontecer? Mas se eu fizer isso, o que me irá acontecer no futuro? Muito provavelmente irei ficar sozinho... Mas isso já não é o que acontece actualmente? E não me estou a referir no contexto do convívio das pessoas porque daí não há nada a indicar, bem pelo contrário, tanto com a família e com todos os meus amigos. De resto, não é normal eu não estar acompanhado? Hoje, por exemplo, está alguém comigo? E nos outros dias, como é? É diferente? Não, é sempre a mesma coisa... E depois vêem-me dizer que se eu estivesse acompanhado, far-me-ia muito bem. Pena é que isto não seja tão linear como comprar cenas no supermercado... Raios partam esta merda toda!...
Ainda hoje de manhã quando ia para Lisboa para a habitual aula de natação de 2ª feira deram-me o Destak como de costume. Na primeira página vinha lá uma imagem toda romântica de um casalinho a beijar-se com uma frase a dizer que não se fica indiferente ao dia dos namorados. Engraçado dizer-se uma coisa destas... Quem não está comprometido, como eu, não liga a esta data e quem já tem par, se ama realmente a pessoa que tem ao lado, então todos os 365 dias do ano são "dia dos namorados". Realmente... :|
Razão tem uma miúda que escreveu no blog dela que é reconfortante ver que a vida corre aos outros como ela gostava que corresse a ela própria. Já somos dois a dizer o mesmo.

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Só dizer "Parabéns" é pouco

Hoje passa mais um aniversário teu. E já vão 23. Mas por tudo o que tens sido para mim nos últimos anos, eu não podia pôr um simples post de parabéns. Tinha de dizer mais. Tu mereces. Nos melhores e, especialmente, nos piores momentos da minha vida estiveste sempre ao meu lado, apoiaste-me, ajudaste-me a levantar a cabeça, a pôr um sorriso de volta na minha cara. E sempre que precisas, eu estou lá também por ti. Só tenho pena que não tenhamos confidenciado um com o outro os locais onde passamos férias em Agosto. Se soubéssemos há mais tempo que, afinal, estamos tão perto um do outro, bem que nos podíamos ter divertido mais nalguns verões passados. Mas a vida está à nossa frente e, espero bem, por muitos e longos anos. Estás quase a acabar o teu curso (sim, e vais ver que essa cadeira não te vai dar cabo do juízo! ;) ). Por isso, estás quase a iniciar uma nova fase na tua vida e vais ver que irá correr pelo melhor! Eu, apesar de estar adiantado, não o devo acabar assim tão cedo como tu... Mas também lá vou chegar, não te preocupes! ;) Já sei que estou convidado para o teu casamento e ai de mim se me baldar! :D eh eh Jamais deixaria de estar presente, assim como o farei para a semana quando for ter contigo para a tua party. E ainda irei conhecer a barraca que os teus pais te ofereceram para viveres... ou julgas que a vais esconder de mim? ;) Olha, só tenho mais uma coisa para te dizer: continua assim e sê feliz. Adoro-te muito! E muitos parabéns pelo teu aniversário, que continues a contar muitos e que eu esteja sempre lá para os fetejar contigo! Um grande abraço e uma grande beijoca para ti, Ana Catarina! :)

Parabéns Davel!

É assim man, mais um ano que passa na vida de uma pessoa. Espero que mais este ano na tua vida traga muitas coisas boas como os anteriores trouxeram. Muitos parabéns David! [ ]

terça-feira, fevereiro 01, 2005

A nota mais alta até agora

Agora é oficial: neste momento já tenho 3 cadeiras feitas este semestre. E posso dizer que a IPM tive, até este momento, a nota mais alta em todo o currículo: 15 valores. Espero ver o que vai sair das duas melhorias que farei e do exame de sábado, este para passar. :)

Há bastantes pessoas que me têm perguntado o porquê de alguns posts colocados neste blog, nomeadamente porque toco em assuntos relacionados com vingança, resposta, deixar ou não andar... Pois bem, eu não tenho intenção de vir para aquí abrir o livro sobre parte da minha vida. Se um dia eu estiver convosco pessoalmente, eu conto o que me vai na alma e me leva a fazer considerações destas. Até lá vou pondo desabafos meus. É que me custa bastante rebobinar este assunto. É como se eu tivesse uma faca espetada no coração... dói muito...

E já agora, aproveito para deixar a citação que escolhí para o mês de Fevereiro:

"When fortune smiles on something as violent and ugly as revenge, it seems proof like no other, that not only God exists, you're doing His will."

Uma Thurman - The Bride
Kill Bill: Volume 1